Everaldo Pereira, designer gráfico e professor do Instituto Mauá de Tecnologia

Sou um leitor assíduo e, até por certa memória afetiva, gosto muito do cheiro de livro novo. Agora, o que me enche os olhos e me desperta o interesse por um livro novo é de fato uma capa primorosa. A capa é o primeiro contato visual com o livro, seja num ambiente digital, como um site, seja num ambiente físico, como uma loja.

É como um convite para nos aventurarmos naquela narrativa, criando um cenário que se fundirá com o texto e outros aspectos da obra. Mesmo nas obras de não ficção, a capa é um dos principais elementos na elaboração, comercialização e experiência de um livro.

Criada inicialmente para proteger as páginas, a capa foi transformando-se e adaptando-se aos comportamentos ao longo do tempo e adquiriu um espaço importante para a atuação de designers gráficos, ilustradores, fotógrafos e artistas visuais, uma vez que as editoras compreendem a relevância das capas para seus públicos leitores.

O design da capa tem grande impacto no lançamento de novos títulos, no destaque de novos autores, na valorização de grandes e pequenas editoras, que precisam ganhar espaço no mercado editorial, porque a capa procura comunicar, de forma concisa e rápida, aquilo de que o livro trata já no primeiro contato, quer seja digital, quer seja impressa.

Um designer gráfico que desenvolve capas precisa ficar atento tanto aos aspectos gráficos da capa, como cores, ilustrações e informações textuais,  quanto aos aspectos materiais, como papel de impressão, formatos, acabamentos especiais, entre os quais o verniz brilhante ou fosco, o hot stamping, o alto-relevo e o baixo-relevo, os cortes especiais, entre outros.

Do ponto de vista da linguagem gráfica, a capa dialoga com as tendências visuais contemporâneas, porque pode ser comparada a um “idioma visual”, diferente em cada região, cada sociedade, e que vai modificando-se com o tempo. Por isso, reedições de uma mesma obra ao longo do tempo possuem capas que condizem graficamente com a época e o lugar em que foram impressas.

Ao longo do tempo, sempre que sou chamado para criar uma capa de livro, procuro ouvir atentamente os anseios de autores e editoras, procuro entender os desejos dos públicos da obra, para buscar traduzir em linguagem gráfica a essência do texto e despertar a curiosidade e a atenção daqueles que, assim como eu, encantam-se com o livro novo, prenúncio de novas descobertas e novos conhecimentos.

Everaldo Pereira – doutor em Comunicação Social, linha de pesquisa em Comunicação Institucional e Mercadológica, mestre em Comunicação Social, linha de pesquisa em Processos Comunicacionais, Comunicação de Mercado, especialista em Planejamento, bacharel em Comunicação Social e professor do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).